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A oração de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras

 

No capítulo 26 do Evangelho de Mateus, encontramos uma passagem profundamente significativa da vida de Cristo. Ao se adiantar um pouco e prostrar-se com o rosto por terra, Ele nos revela três condições cruciais para uma oração sincera e profunda:

1. Solicitude: Cristo se afastou levemente, escolhendo um momento íntimo para orar. Esse ato nos recorda as palavras: “Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo” (Mateus 6, 6). Ele não se distanciou muito para que pudesse estar acessível a todos aqueles que o invocassem. Esse gesto também serviu como um ensinamento sobre a importância da privacidade na oração.

2. Humildade: A prostração de Cristo com o rosto por terra é um exemplo supremo de humildade. Ao fazer isso, Ele demonstrou que a humildade é essencial na oração. Isso se relaciona ao momento em que Pedro afirmou que nunca o negaria, e aqui Cristo prostrou-se para mostrar a necessidade de confiar em Deus, não em nossas próprias forças.

3. Devoção: Ao dirigir-se a Deus como “Meu Pai”, Cristo revela a natureza íntima de sua relação com o Pai. Ele é o Filho de Deus por excelência, enquanto nós, pela graça da adoção, também nos tornamos filhos de Deus. Isso ressalta a importância da devoção e do relacionamento pessoal na oração.

No versículo seguinte, Cristo faz uma prece reveladora: “Se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que Tu queres” (Mateus 26, 39). Aqui, Ele nos ensina importantes lições sobre a natureza da oração e da vontade:

1. Natureza humana: Cristo, ao expressar Seu desejo de evitar o sofrimento iminente, demonstra que Ele assumiu uma natureza verdadeiramente humana, incluindo todas as inclinações naturais e sentimentos.

2. Harmonia entre vontades: Ele também nos mostra que é humano querer algo que Deus não deseja. Isso destaca a tensão entre a vontade humana e a vontade divina. No entanto, Cristo exemplifica a importância de alinhar nossos desejos com a vontade de Deus.

3. Submissão à vontade divina: Ao declarar “Não se faça o que eu quero, mas sim o que Tu queres”, Cristo submete Sua própria vontade à vontade do Pai. Esse ato de submissão reflete a profunda harmonia e obediência entre as duas naturezas de Cristo.

Em conclusão, Cristo nos fornece um modelo de oração e submissão que abrange solicitude, humildade e devoção. Sua prece revela a complexidade da vontade humana e a importância de alinhá-la à vontade divina. Ao seguir esse exemplo, podemos aprender a orar com corações sinceros e a viver em conformidade com a vontade de Deus.

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