Em um mundo em constante mutação e avanço, a preservação de tradições e ensinamentos antigos muitas vezes enfrenta desafios. O caso de Santo Tomás de Aquino, muitas vezes referido como "Doutor Angélico", ilustra esse dilema. Embora alguns possam argumentar que suas contribuições teológicas foram relegadas ao esquecimento, a verdadeira posição da Igreja Católica em relação à teologia tomista é uma que ainda carrega uma importância inabalável.
A trajetória de Tomás de Aquino é notável. Ele desafiou a dicotomia entre fé e razão, estabelecendo um equilíbrio entre essas duas esferas aparentemente distintas. No entanto, com o passar dos anos, houve uma tendência a considerar suas ideias como antiquadas ou menos relevantes diante dos avanços modernos. Contudo, a verdade não poderia estar mais distante dessa perspectiva.
O Concílio Vaticano II desempenhou um papel crucial em reafirmar a relevância da teologia tomista. Através de suas declarações, a Igreja Católica reconheceu Tomás de Aquino como um guia fundamental para a teologia e a filosofia. O próprio Concílio, em sua Declaração Gravissimum Educationis, ressaltou a importância de compreender como fé e razão se harmonizam, seguindo os passos dos doutores da Igreja, especialmente Santo Tomás de Aquino.
No entanto, mesmo com o apoio do Concílio, houve momentos em que se percebeu uma diminuição da influência de Santo Tomás. Isso, entretanto, não corresponde à verdade. O Magistério subsequente ao Concílio, incluindo figuras proeminentes como Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, continuou a enfatizar a relevância da teologia de Santo Tomás.
Paulo VI, em sua Carta Apostólica Lumen Ecclesiae, e João Paulo II, na encíclica Fides et Ratio, destacaram a profundidade do pensamento de Aquino. O Código de Direito Canônico, no cânon 252, sublinha a importância de ensinar teologia dogmática baseada na palavra de Deus e na Tradição, tendo Santo Tomás como um guia mestre. Bento XVI, por sua vez, enfatizou a conexão entre a fé e o pensamento profundo de Aquino, proveniente de sua fé viva e piedade fervorosa.
Fica evidente que nem o Concílio Vaticano II nem o Magistério subsequente negligenciaram a teologia de Santo Tomás. Pelo contrário, a Igreja fez esforços consideráveis para promover seu modelo em todas as áreas da formação cristã. Qualquer percepção de obsolescência foi distorcida e ideológica, afastando-se dos princípios do Vaticano II.
É inegável que muitas falhas de compreensão em seminários, paróquias e até na mídia resultam da falta de conhecimento sobre Santo Tomás de Aquino. Sua abordagem ordenada é essencial para um diálogo sincero e uma vida espiritual plena. Sem essa ordem, a fé pode ser obscurecida, como observado por Joseph Ratzinger (Bento XVI).
Portanto, um retorno à rica herança de Santo Tomás de Aquino é vital. Suas doutrinas não apenas oferecem ensinamentos seguros, mas também uma piedade cristã que conduz ao divino. O "Doutor Angélico" nos convoca a orar, buscando uma vontade que busque Deus, uma sabedoria que o encontre e uma vida que o agrade. É através do entendimento de seus ensinamentos que alcançamos um encontro genuíno com a Verdade eterna, transcendendo as limitações do tempo e da mudança.
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